Saturday, May 28, 2011

Em vão

É tântrico, tétrico,
tanto, tão pouco
devagar quase parando

em círculos, vírgulas
tropeços, arremessos
longas pausas, recomeços
poucos parágrafos

um eco de estalido
sem tentar fazer sentido
uma vez, por um triz
e tudo estaria perdido

biscoitos e promessas
um quebra-cabeças
uma noite fria à beça

verbalizar o trágico
tornou-se verborrágico

uma ameaça, um arremedo
uma estrada, escuro, medo
inércia, os extremos

tão tolos e mudos
erguendo seus escudos

impropérios
impossibilitam
seus mistérios

temem a verdade
e o tédio

sem esperança
sem remédio

sem maldade, sem vontade
sem rumo, mãos vazias

palavras remissivas
sem expectativas

sessões de tortura
solos de bateria

mudos corais
monólogos grupais

a dizer versos
no meio do deserto

tentar se redimir
cantar pra ninguém ouvir

contar uma história
sem memória, sem cor

uma trajetória
que nunca se tocou

vai e vem
vem e vai
tudo bem
partir

mais uma vez
em vão
vamos dormir.

1 comment:

Fred Caju said...

Incrível, leitura bastante envolvente! Massa mesmo o seu espaço.