É tântrico, tétrico,
tanto, tão pouco
devagar quase parando
em círculos, vírgulas
tropeços, arremessos
longas pausas, recomeços
poucos parágrafos
um eco de estalido
sem tentar fazer sentido
uma vez, por um triz
e tudo estaria perdido
biscoitos e promessas
um quebra-cabeças
uma noite fria à beça
verbalizar o trágico
tornou-se verborrágico
uma ameaça, um arremedo
uma estrada, escuro, medo
inércia, os extremos
tão tolos e mudos
erguendo seus escudos
impropérios
impossibilitam
seus mistérios
temem a verdade
e o tédio
sem esperança
sem remédio
sem maldade, sem vontade
sem rumo, mãos vazias
palavras remissivas
sem expectativas
sessões de tortura
solos de bateria
mudos corais
monólogos grupais
a dizer versos
no meio do deserto
tentar se redimir
cantar pra ninguém ouvir
contar uma história
sem memória, sem cor
uma trajetória
que nunca se tocou
vai e vem
vem e vai
tudo bem
partir
mais uma vez
em vão
vamos dormir.
1 comment:
Incrível, leitura bastante envolvente! Massa mesmo o seu espaço.
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