Dá pra acreditar que éramos nós?
Olhando pra trás, parece que toda a história se trata de outras pessoas.
Mas como poderia? É como se um grande escritor tivesse contado somente a nós duas, nos mínimos detalhes, sobre seu mais novo romance. E depois disso, ele tivesse esquecido tudo, ou tido uma morte súbita e silenciosa, deixando aquele universo todo em nossas mãos.
O tipo de coisa que fica na cabeça depois que você lê um livro muito legal, e fica imaginando-o em forma de filme. Ou vê um filme daqueles, e fica imaginando o que aconteceu depois. Você sabe que o que aconteceu depois não importa mesmo, e que só ia estragar o esforço de diversas pessoas que quebraram a cabeça pra juntar tudo que importava e deixar bem compacto e expressivo. Mas por alguma razão, que provavelmente, nem a própria razão conhece, dá uma vontade de imaginar o resto; de saber o que aconteceu depois daquele ponto final, depois daquela tela escura com as três letrinhas dizendo “fim”, depois do “felizes para sempre”.
No nosso caso, é bem mais triste; por que nós sabemos exatamente o que aconteceu, e que não teve quase nada de final feliz nessa.Talvez pra uma de nós, ou pra nós duas separadas; mas nós duas juntas não teve nem feliz, nem final. Não teve nada.
Você poderia imaginar isso, naquela época?
Quer dizer, aquela minha versão não pensava nessas coisas. Talvez no máximo em uns dois meses pra frente, se tivesse dentista marcado a perder de vista ou uma formatura, e olhe lá. Acho que isso ajudou a me deixar diferente. O tempo foi passando, as coisas foram mudando, as pessoas foram se afastando e desastres foram acontecendo. Estamos envelhecendo! Aí sim, a minha versão desatualizada pensava nessas coisas com um arzinho melancólico, e suspirava “Tudo está mudando!”. Não que eu acredite em astros, signos e horóscopos, sei lá, às vezes parece que tudo se trata de uma grande besteira; mas uma coisa é certa: pessoas do signo de touro odeiam mudanças. Mude a posição da minha cama quando eu não estou, ou fique dois dias sem falar comigo, e isso não vai me agradar nem um pouco. E naquela época, eu precisava de uns avisos bem explícitos pra me preocupar com as mudanças, e era quando eu ficava com o tal do arzinho melancólico, e suspirava. Mas logo depois eu dava um pulo, já pensava em outra coisa e me animava pros dias de futuro próximo que eu tinha pela frente.
Agora eu me sinto uma velha, lembrando disso e pensando em tudo que ainda vai acontecer. Era muito mais confortável se deleitar na ignorância e despreocupação, pois de certa forma, o futuro é como o passado: é inútil se preocupar com ambos. Você pode me dizer que não, que temos todos que nos preocupar com o futuro, estudar bastante, sermos todos muitos legais e já ir pagando as prestações da própria lápide. Mas isso é o presente. Enfim, é um assunto complicado demais, e agora acho que estou falando de outra coisa. Deixa pra outra vez.
2 comments:
huahauahauahuaa não mudou teu estilo, não
Tah bem vc aí, com seus textos descontraídos e dúvidas insondáveis xD, é nisso que vc se parece com o HG =]
Claro que tah muito bom, e nos faz pensar =X
bjo
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