Tuesday, March 01, 2011

Cada uma delas

Eu odeio todas as pessoas. Cada uma delas.
Odeio tanto e quero tanto silenciá-las que tenho até medo de colocar em termos, em palavras e atos o tamanho do meu ódio.Medo de imaginar as coisas acontecendo. Odeio tanto que veneno corre em minhas veias e enche minha cabeça. Elas me aterrorizam, me apavoram, povoam meus pesadelos. Me acordam com um susto e me impedem de dormir. Me preenchem de raiva e ódio e horror e medo e nojo e lágrimas.

Eu temo todas as pessoas. Cada uma delas.
Minhas mãos suam frio. Meus olhos umedecem-se. Tremo, sinto um ardor no estômago, um calafrio na espinha, meus músculos se contraturam. Emudeço. Calo. Engulo as injustiças, as facadas, as sacanagens, os impropérios. Vejo um punhal em cada mão, sinto um julgamento em cada olhar. Sinto a indiferença, que arde quando nem ao menos há o que sentir. Não sei o que fazer. Sei o que responder, mas não como manifestar em palavras, em tom de voz, em defesa de minha própria causa. Tenho vergonha. Tenho medo. QUero fugir e me esconder, quero acabar, quero morrer.


Eu amo todas as pessoas. Cada uma delas.
Escaneio as desgraças e as injustiças com os olhos e sinto alguma coisa se contorcendo dentro de mim, querendo fazer alguma coisa. Ajudar em alguma coisa. Abraçar alguém, salvar o mundo. Nem que seja um mundinho minúsculo, um universo paralelo, um mundo imaginário. Quero estender a mão, quero dizer uma palvra bonita, simpática, quero salvar o dia de alguém com um sorriso, nem que seja meio sorriso. Quero tanto que dói em mim.

2 comments:

Marcelo Mayer said...

esquizofrenia poética
se cada um tivesse um pouco...

Nalim said...

Muito bom!!
É isso aí: do pico da montanha ao fundo do poço; tão difícil subir, e ao mesmo tempo fácil de cair. Uma constante confusão de sentimentos...
ah nada a ver, mas eu gostei bastante, foi o que me fez pensar
Fazia tanto tempo que não visitava a sua penseira
bjo