Te vi pela última vez acenando daquele barquinho e me deixando no cais. Antes de se virar e contemplar seu oceano, deu um sorriso satisfeito.
Eu quis perguntar se sabia o que estava fazendo, mas não deu tempo. Eu achava que ia tudo muito bem, e de repente, vejo seu barco zarpando (agora ele parece maior ainda).
- Vai me trocar por essa jangada?
Ás vezes o silêncio não é a resposta mais agradável, mas sem dúvida nenhuma, a mais conclusiva. Nada mais esclarecedor do que um longo silêncio. Ou depois daquelas situações em que você cruza os braços, ou dá de ombros - o que achar melhor - e admite que não há mais nada a dizer.
Ambos sabemos que perdemos tempo, que perdemos energia, que nos perdemos. Já não importa se alguma coisa poderia ser salva ou não. É o mesmo que se perguntar se teria dado tempo de se atirar no chão e salvar o vaso que estava caindo: a pergunta não mudará nada no fato de que tudo o que restou do vaso são cacos imprestáveis.
Ou ainda, valeria a pena se esfolar no chão para salvar aquele vaso? Em alguns casos, um vaso é apenas um vaso. (Em outros, sua mãe ficaria muito furiosa por você jogar futebol na sala de estar.)
E agora, somos cacos imprestáveis? Foi só isso que sobrou de tudo aquilo que aconteceu?
Um vento de silêncio passa, trazendo problemas, lágrimas e transformando bons momentos em uma estrada, que te separa de estar com alguém por um sentimento; da soma de diversas razões pelas quais você deve se manter o mais longe possível da determinada pessoa. É como um estágio, um treinamento: você se mune de argumentos para ingressar ou fugir da função.
Você sempre disse que não queria seguir as pegadas na areia. É isso que você gosta de dizer, não é?
Engraçado, pois a última coisa que eu te vi fazer (antes de acenar lá do barquinho) foi olhar para um ponto qualquer e colocar seus pés exatamente em cima das pegadas. Montando seu trajeto exatamente como havia visto, rejeitado, reprovado e garantido de que iria fazer totalmente diferente.
Não tinha nem um espelho por perto pra me mostrar onde eu estava, e eu tampouco me dei ao trabalho de olhar pra baixo e ver que caminho meus pés tomavam.
Deviam estar no lugar errado, naquele que eu quis evitar, sei lá. Mas desde quando é melhor se preocupar com o que está fazendo e perder a oportunidade de te culpar pelo que você está fazendo?
Eu fiz o que eu deveria fazer.
Ninguém é perfeito. Muito menos eu e você. E mesmo tentando fugir, ou alegando tentar fugir, acabamos sendo pegos pela ironia de fazer tudo igual. Do jeito que havíamos previsto.
Do jeito que lamentamos ver por aí. Exatamente do jeito que nos foi motivo de piada, e do qual nos sentimos tão distantes, enquanto estávamos seguros - não apenas de nossos sentimentos - mas de nós mesmos! Enquanto fomos um, e nada era segredo ou motivo de hesitação. Enquanto.. enquanto eu me enganei pensando que todo o supracitado existia.
E agora, estamos tão perto.. e tão longe, como você mesma gosta de dizer.
Nem parece que estamos sentados no mesmo sofá.
Eu gostaria mesmo de poder dizer tudo isso que está preso na minha garganta. Mas o medo me impede. Medo de ouvir você dizer que é tudo muito óbvio, e que eu te considero burra por ficar trazendo tudo à tona em palavras desse jeito. Medo de mexer no que não devo. Medo de respirar mais uma vez e você já ter levantado com um bom motivo para dar uns gritos que não fazem sentido e me deixar confuso novamente.
Medo de você. Medo de mim.
O que é o amor, Agatha?
Lorenzo G. Cigliutti
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1 comment:
Está mais Aghata do que Lorenzo, apesar de não conhecer mto os textos "dele" xD
Mas como tem muito de Kiara aí, é claro que tah mto bom, só talvez vc devesse divagar um pouco menos...Porém, não tiraria nada xD
Acrescentaria, pq ele ficou mais curto q o normal e não gosto mto de textos pouco compridos XDDDDDDDDDD
Bjoo =***
Te amo =]
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