Wednesday, December 13, 2006

Solidão a Dois VI

Estufa o peito, enche os olhos de sua úmida hipocrisia, e vem querer me perguntar o que é o amor.
O que é o amor?
Eu poderia te provocar e responder que é qualquer coisa que você nunca vai saber mesmo.
E você acha que amor é encontrar uma pessoa bonita o bastante que você consiga aturar por tempo o suficiente para ter filhos. Que você possa conhecer melhor e consiga se segurar pra não sair correndo quando descobrir as intimidades mais bizarras que ela fez de tudo pra esconder.
Isso é o suficiente pro seu amor, querer continuar enfrentando algo que em alguns pontos te desagrada. É um desafio. Isso é o amor pra você.
Não vou te dar o gosto da minha pouca humildade. Vou admitir: amor não se pode definir.
Amor é quando apesar de eu saber que você não merece, eu querer que tudo que houver de melhor aconteça pra você. Esquecer de mim, isso é amar.
Aí vai me perguntar se eu te amo.
Sinceramente (e eu não vou responder sinceramente, você sabe que eu não consigo), eu não sei. Queria dizer que sim, e queria que fosse verdade mesmo. Eu quero mais é ficar e te decifrar, sem nem ao menos saber se vou aguentar. Eu quero, isso é a verdade, é mais forte do que eu.
Eu queria poder me esquecer, fingir que eu sou normal, e ficar só decifrando você. Descobrindo quem você é, entendendo o que não me agrada de primeira e tudo mais.
Queria que desse pra fazer isso.
Você enche a boca pra dizer que quando é de verdade, quando o amor existe, tudo é possível. Mas é possível entender o que eu fiz de errado quando você fica em um silêncio absoluto de repente e começa a reclamar de qualquer coisa? E quando o mundo ao meu redor continua girando, meus prazos vão se esgotando, meu trabalho acumulando e minha paciência diminuindo. Você quer que eu páre e diga exatamente o que você quer ouvir, finja que está tudo bem e logo acabe esquecendo de tudo?
Eu páro tantas vezes pra escolher o que eu vou fazer. E penso nos meus problemas. Penso mesmo. Pesando minha vontade e o quanto vale pagar por ela, por que as vezes simplesmente não vale a pena manter você. Me manter com você. Ou me manter longe de qualquer coisa que eu tenha sido antes de você.
Eu engulo tudo, e meu silêncio me sufoca, e eu me pergunto novamente o que é o amor.
Sacrifício?
Se anular, e passar a ser um robô , ou uma caixa vazia que só diz sim e só abaixa a cabeça e só sorri e só diz que acha bom e concorda com tudo?
Eu não sei amar, eu posso dizer. Mas nem você, nem ninguém sabe.
Ninguém pode deixar tudo de si mesmo tão de lado e suportar tudo em silêncio com sentimentos puros e sinceros o tempo todo. Se você quer que seja isso, eu só posso te dizer que o amor que você inventou não existe! Não existe, Lorenzo.
Nem nunca existirá.

Agatha L. Portes

1 comment:

Anonymous said...

Mas pare que esse texto ficou parecido com os meus ù_ú, depois vc diz q sou eu que te copio xDDDDD
Tah certo que eu copiei primeiro XDDDDDD
Acho que (usando um comentário teu) não preciso dizer que tah mto bom, né? Isso tah explícito no nome da dona do blog XD
Bem, vamos ao texto :D
"Se anular, e passar a ser um robô , ou uma caixa vazia que só diz sim e só abaixa a cabeça e só sorri e só diz que acha bom e concorda com tudo?"
Isso chama-se falta de amor-próprio, avisa lá a Aghata, antes que ele faça besteira.
Fora isso um texto revoltante, engraçado, irônico, excelente, como sempre. Não é o melhor de todos, pq fica difícil dizer qual é o melhor XD
bjoo priminha =]