Estava esperando novamente, naquele restaurante. Num daqueles dias que ele sempre atrasa, eu já estava na minha terceira parte de 15 minutos encarando aquelas saladas.
"Ah, é o amor", resmunguei descontente para um talo de agrião.
Por alguns segundos, eu queria tanto que você chegasse, desse uma bela explicação o quanto antes e nos sentássemos logo e comêssemos logo e voltássemos a fazer o que quer que tivéssemos que fazer. Mesmo que fosse ir pra outro lugar, esperar alguma outra coisa acontecer, ou que eu tivesse que ir te esperar novamente em uma tortura sem fim.
Mas eu também me perguntava por que eu queria tanto que você chegasse logo.
Querendo que as coisas venham, o tempo passe e tudo aconteça logo de uma vez; que tipo de momentos estou destinada a viver? Momentos apressados, descompassados, estressados e repugnantes em mesas de restaurantes?
Não é isso que eu quero pra mim.
Não quero ficar a vida inteira querendo que você venha logo, por que eu estou morrendo de fome e não aguento mais olhar pra esse monte de mato em cima da mesa. Por que eu sempre mando trazerem a salada, se eu odeio ficar olhando pra isso durante esses 45 minutos que você SEMPRE leva pra chegar? Eu me odeio, só pode ser isso.
Não, hoje vai ser diferente. Não vou admitir que isso aconteça comigo, não vou comprar essa vida composta de horas e horas de espera sozinha em restaurantes, que eu nem ao menos tive o direito de escolher.
Por que eu não me levanto? É isso, vou me levantar agora mesmo. Vou andar até a porta, sem me importar com o diabo da salada ou o que quer seja, e quando eu estiver na calçada, vou correr. Vou correr como se a minha vida dependesse disso. Vou esquecer a bolsa, a saia, o salto e vou correr, sem olhar pros lados, sem pensar. Então, vou ligar pra um caminhão de mudanças, vou pegar todas as minhas coisas e sumir. Adeus, emprego medíocre! Adeus, agrião! Adeus, milhares de 45 minutos de espera! Adeus, você! Pra onde? Eu realmente não me importo, não quero perder meu tempo pensando nisso. Pensei demais até agora e olha só no que deu: eu, o maldito talo de agrião me olhando e mais 15 minutos te esperando.
Vou sair daqui agora mesmo e vou pra maior churrascaria que eu encontrar. Vou pegar a minha bolsa, me levantar, sem olhar pro garçom ou pro menu, e vou.
.................................
E olha só quem chegou, cinco minutos antes!
- Lô, que bom que você chegou!
- Demorei? - pergunta ele com aquele arzinho inocente.
- Não, como sempre! Acabei de chegar, até achei que você já estaria aqui. Mas pelo menos já trouxeram a salada. Vamos pedir?
Agatha L. Portes
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2 comments:
Mto legal
Teu blog eh mto massa
bjoss =***
O comentário anterior foi para expressar minha raiva a lentidão do blogspot, mas agora vamos ao post \o/
hauhauahauhauahauhaa
Engraçado, coitada dela ¬¬, pq fez ela esperar tanto tempo, fiquei contrariada ao ler isso, ela tinha que ter saído correndo nos primeiros 15 minutos XDDDDDD
Mta legal a narrativa \o/
Preciso dizer que tah mto bem escrito? Isso já fica subentendido u_u
Vê se escreve logo essa história-roteiro, ou seja lá que diachos, q eu quero ler ò_ó
XDDD
bjs =**
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