Ê, vida boa!

Hoje é um novo dia. Finalmente, um dia diferente. A mudança do ciclo de pensamentos.
Durante os últimos sete anos, sonhei com uma vida pós-ensino médio, e em como seria legal trabalhar, adquirir autonomia, fazer uma faculdade legal, ou seja, virar gente.
Agora, chegando mais perto do grande momento, sinto uma pontada de desejo de adiá-lo.
É claro que é tudo uma fase, tão clichê quanto qualquer outro dilema escolar: querer se livrar do colégio a todo custo e de repente perceber que se trata de uma folga, e que tudo isso é muito bom, afinal de contas.
Pois eu acabo de perceber!
O quanto, neste momento, tudo que requerem de mim é que eu passe de ano com notas não tão ruins. E eu posso faltar aula(o que,por sinal, acontece muito) e me dar ao luxo de simplesmente esquecer de fazer os poucos trabalhos que pedem.
E eu querendo largar essa vida de gato gordo de armazém, que dorme a tarde toda, falta aulas e nem ao menos estuda por toneladas de responsabilidade? Por coisas realmente preocupantes como perder o emprego ou trabalhos kilométricos que serão profundamente fundamentais na minha vida profissional? Ou ainda, não arrumar emprego ou não ter uma boa carreira. Sem falar no leque de preocupações que o tempo traz, como constituir família, ou continuar pesando nos ombros dos pais. Não me parece um bom negócio. Não mesmo!
E por que diabos eu tenho que ser a "pessoa com um plano", eu me pergunto.
Passei dezesseis anos sendo precoce e "madura pra minha idade" (o que é deveras pau no cu).
Agora, no auge da minha aborrescência em crise (clichê, sim), espero não surpreender ao declarar que está na minha hora de ser retardada! Daqui em diante só piora e eu sou a única que não está agindo de acordo com a realidade. Enquanto a grande maioria enche a cara, se droga, faz bobagens e coisas dignas de sua idade mental e cronológica, eu vou sendo a pequena adulta. A correta. A madura. Mas me pergunto neste momento: por que?! Pra que?
Em breve vou entrar na idade do grupo dos escravos do dinheiro, sem poder me rebelar, protestar e nem vagabundear. Anos sem poder inventar verbos pela pura falta do que fazer e dormir em tardes de dias de semana. Anos sem poder me entregar ao luxo da dedicação ao ócio total e completo na sua mais pura e bela forma.
E eu ansiosa por ISSO?
E pensar que me consideravam "madura pra minha idade"...