Thursday, September 15, 2011

acabar

eu subi
cheguei aqui
no sufoco
em meio
ao medo
e a indecisão
e a incerteza
e agora
aqui em cima
nada é
como parecia
foi como
colocar a cabeça
pra fora da janela
sentir o vento
pra tentar adivinhar
a temperatura
não me sinto segura
como achei que seria
não há nada
das promessas
nem o tempo
passa mais depressa
e nada faz sentido
nada se resolveu
nada se diluiu
nada se desfez
só o nada permanece
em sua insensatez
misturada com a minha
e o meu desatino
o meu medo
e o meu destino
e um passo depois do outro
e a corda no meu pescoço
e a pedra no meu sapato
e o vento nos meus cabelos
é como se eu fosse um rato
sem chance de enfrentar
sem chance de voltar
só me resta seguir
só me resta continuar
um plano tão consistente
uma realidade tão dormente
só mais um passo
pra fora dessa cadeira
pra longe dessa beira
pra fora dessa ponte
um último mergulho
só olhar pra trás
uma última vez
só me perguntar
se algo se desfez
antes de me desfazer no ar
antes de me desmanchar
anter de jogar tudo fora
sem pensar que nada vale a pena
que nada faz sentido
e que não dá mais
não dá mais
sem hesitar
sem pensar que é só agora
com uma raiva na garganta
por toda essa demora
que se alonga nos meus músculos
que rasga a minha carne
sem piedade
me tira a vontade
e apaga aquela voz
dentro de mim
dizendo que vai passar
que pode passar
que pode ser que passe
e aumenta aquela escuridão
que tem fome de mim
e deixa um rastro de destruição
que responde que não vai
que não passa
que é melhor dar um passo
em qualquer dia bonito
me atirar
no abismo do infinito
e acabar.

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