Wednesday, June 08, 2011

espelho

quando a vida
não passa de um vulto
quando se teme
o menor tumulto

e tudo vira guerra
por pura birra
cai por terra
desperta a ira

como se o ar
o bom dia
ou o silêncio

como se o medo
e o tempo
pedissem sem palavras
um pedido de desculpas
por nada em particular
mas por tudo
sem, entretanto, precisar

como se cem mil horas
durassem em uma só
e todas as vezes
em que se deixou levar
como se tudo o que há
não fosse nada mais
que uma lenta e infinita
e torta e dolorida
perda de tempo

e o desalento
e o canto
e o mundo
mesmo toda a poesia

como se, exatamente assim,
como se nada disso
fosse mais, nem menos

como se cada pedacinho
cada momento
todo e cada segundo
fosse apenas mais um
grande e gordo e enfadonho
constrangimento

e não há mais nem motivo
para não sentir
que sinto muito muito
e só posso dizer
que sinto
e muito me penaliza
o simples fato
de estar viva

e não tem retorno
não tem volta
nem caminho
não há rumo
não há jeito
a não ser
seguir sozinha.

1 comment:

Unknown said...

Ola, tudo bem? Espero que sim!
Adorei a poesia parabéns para você, adorei seu blog, muito legal.
Beijos

Diego Elias
http://portifoliogradfisica.blogspot.com/