Tem horas que eu não aguento ouvir uma música até o final. Não sei, ela pode ser ótima, mas eu simplesmente não consigo. Eu preciso mudar, antes que chegue ao final. Mesmo que eu saiba que tem um solo maravilhoso ou uma parte incrível no último trecho, algo me comanda e eu acabo trocando.
Em compensação, tem horas que eu não consigo parar de ouvir a mesma música. Isso me deixa louca. Eu sei que há uma sorte imensa de outras músicas igualmente ou ainda mais dignas de se ouvir e respeitáveis em qualidade, entre outros aspectos. Mas há momentos em que tudo que a minha mente precisa é a repetição daquelas mesmas notas, palavras e sons por tempo indeterminado.
Há ainda aqueles dias em que eu não sei o que ouvir. São tantas boas opções, tantas chances de conseguir breves minutos de euforia, alegria, paz interior ou ainda a necessidade de pular loucamente, atingindo níveis precisamente agradáveis de liberação de endorfina.
Mas o que mais me agrada é quando me dou conta de que não estou suficientemente satisfeita com o universo a meu dispor. Quando não sei o que ouvir, ler, assistir, comer. Quando não sei aonde fixar essa coisa que eu chamo de atenção. Não quero prestá-la a nada. Não quero dividi-la com mais nada. Seja um rosto, seja um gosto, uma voz, uma fala, um sabor. Não quero desperdiçar meu silêncio, minha individualidade. Mas mesmo assim, não consigo encontrar forçar para criar nada. Minha mente viaja a velocidade da luz, entretanto, sem sair do lugar. Tudo está a um toque de alcance, mas não resta força ou ânimo para esticar os dedos, para tentar tocar a alegria ou alcançar o êxtase de uma produção efetiva.
Entre tanto querer e não querer coisa alguma, fica só essa angústia fantasiada de tédio, de falta do que fazer, falta do que querer, falta de alguma coisa que não parece fazer tanta falta assim.
Resta só a velocidade. A capacidade de esvaziar a cabeça completamente. De pensar em tudo ao mesmo tempo em que pensar em absolutamente nada. De me ver livre de toda a obrigação de pensar em alguma coisa e apenas correr. Sentir o vento batendo no meu rosto, não prestar atenção nos detalhes ao meu redor, só ver suas cores embaralhadas e suas formas desfocadas pelo meu ritmo, sentir aquela eletricidade que passa pelo corpo quando ele está prestes a atingir o momento que separa o clímax da corrida do auge do cansaço. Boiar na superfície da existência e sorrir para um expressivo espelho interior que mostra apenas um grande vazio.
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