Saturday, April 12, 2008

Parte 1

Nos primeiros anos de minha juventude, eu constantemente confrontava a mim mesmo quanto a questões morais. Em algumas ocasiões, horas se passavam, nas quais eu me via diante de sérios dilemas envolvendo as razões que sediavam minha própria existência e as expectativas em relação a ela. Era de um prazer agridoce me perguntar se não seria mais pertinente tomar esta ou aquela postura, que apesar de garantir o horror de praticamente todos os meus conhecidos (quando sob suas máscaras sociais), me traria imensa satisfação e sensação plena de dever cumprido.

Não era mais um detentor daquele cego, tolo e jovem idealismo, que transforma seres miseráveis em justiceiros em potencial, que na prática, acabam encontrando em si mesmos apenas a capacidade de se afundarem em desesperança.

Comprazia-me em imaginar que se tivesse a oportunidade de não ser reconhecido, teria a coragem necessária para agir de acordo com meus, então, princípios. Na época, acreditava que não me fora instituída a capacidade de sentir. Para mim, as pessoas nunca significaram muito e nunca compreendi por que faziam tanta questão de estarem vivas. Nem eu mesmo fazia. Ainda não faço questão. Não que eu não goste da minha vida ou não saiba apreciar os pequenos prazeres dela: o que eu sinto é uma grande curiosidade pelo além-túmulo. Espero pelo meu último dia ansiosamente e considero excitante a possibilidade de sua chegada inesperada.

Entretanto, ao contrário da minha surpresa garantida, misteriosa e sedutora, estava uma vida chata e pronta para ser completamente previsível. Pelo menos era o que eu pensava até aquele outono, no qual descobri algo sobre os seres humanos, que para mim era totalmente novo e (não tardei a complementar minha descoberta) ilimitado.

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