O rosto não conseguia esconder.
A vontade de gritar. De falar, um turbilhão de coisas, todas ininteligíveis.
De correr, de saltar de si e sumir no horizonte.
Contemplar a não-existência.
Às vezes a vida parece mais cheia de vazio do que qualquer outra coisa. Como um filme que se esqueceu de ter um roteiro, nem que fosse pra se guiar no meio do seu caos.
Uma vida qualquer; numa casa qualquer, com uma atividade qualquer e um pensamento qualquer na cabeça. Desejos ordinários. Pretensões ridículas.
Seria isso uma não-existência?
O mergulhar no anonimato do estereótipo pré-estabelecido por grandes nomes que nunca deram uma olhada em seus números. Uma mão que balança um berço aparentemente vazio, mas repleto de microorganismos implorando por um lugar à margem da visibilidade daqueles que o governam.
Que fazem? Que sentem? Que querem?
Querem uma coisa só. Um socialismo egoísta, marginalizado pela venda de sua individualidade para um coletivismo hipócrita.
Como o adolescer, que se joga e berra: QUERO SER ACEITO!
Quero ser!, ele berra. Ele pede. Ele implora.
Quero ser um escravo de coisas desnecessárias. Quero ser um deles, quero ser mais um abaixando a cabeça para a multidão. Abaixando a cabeça para si mesmo, alegando fazer jus à própria satisfação .
Pra depois se deixar levar pela correnteza de um mundo que não é o seu.
Acordar vários anos depois e se descobrir na pele de um pseudo-profissional, cheio de horários e prazos, conformado com suas ilimitadas limitações, preso à uma obrigação familiar que nem teve direito de ter certeza ao optar pela inevitável escolha do menos pior (uma vida semi-libertina que proporcionará grandes parcelas de solidão ou um compromisso que acabará se tornando insuportável, e inevitávelmente fará sofrer também?).
Uma mente frustrada, cheia de vontades reprimidas. Um monstro. Um selvagem. Um animal.
Um espírito milenar. Um cidadão. Um voto. Um número no IDH. Um zero à esquerda.
Um alguém, um ninguém; na relatividade de sua participação na sociedade, no lar, onde for. Uma nota de falecimento num cantinho do jornal. Uma lápide, com uma inscrição que jamais poderá ler: o resultado que não verá de uma vida que não soube querer.
Por ter tido tão pouco tempo para andar, depois de tê-lo aprendido.
Uma vida que não soube viver.
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2 comments:
Isso eh depressivo e pessimista, quer deixare as pessoas mais pra baixo ainda? XD
Mas mto boa a análise de uma não existência XDDDD
Excelente o Solidão a Dois IV, me lembrou até um pouco de Sex Feet Under, se tiver aquela músiquinha de início vai fica legal XDD
Falando nisso, assisti um episódio de SFU lá em curitiba, mta coisa mudou, nem sei q temporada era.. mas não vim falar disse aqui, né XD
Já falei tudo q achei pra vc, por msn, mas comentei aqui só pra te deixar mais felizinha
pra mim essa é a definiçào de um frustrado/perdedor (you can choose...). viver é superar um pouco algumas frustraçoes, acho.
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