Monday, July 17, 2006

Com um punhado de areia...

Posso deitar minha cabeça nesse travesseiro. Isso, bem assim. Mas não vai fazer diferença, ela vai continuar pesada e dolorida, como se fosse o centro de um carrossel. Um carrossel cheio de cavalinhos macios, que na verdade são travesseiros. Cavalinhos risonhos, os cavalinhos apontam e riem de mim.
Ainda sinto as drágeas parando na minha garganta, e os risinhos pressionando meus tímpanos. É como ter o ouvido cheio de água. A pressão nos olhos, girando nas órbitas. Olhos explodem? Assim, de repente? Não me surpreenderia se isso fosse não apenas possível, mas acontecesse bem agora.
As cápsulas, os comprimidos. Todos param na garganta, e os cavalinhos fazendo hahahaha!
Você ja sentiu como se tivesse alguém atrás de você o tempo todo?
Já sentiu como se tivesse que gritar alguma coisa em uma língua que você não entende?
É como vomitar por um canudinho. Nada que você faça vai melhorar isso.
E os sonhos vão continuar rodando enquanto você anda, e as pessoas vão olhar e achar tudo muito estranho. Você anda dormindo? Ou você não lembra de nada?
Eu estava lá, e os cavalinhos também. As risadinhas deles também estavam lá.
E uma voz, talvez fosse a minha voz. Ela me dizia coisas que eu não queria entender, mas ouvia tudo. Cada palavra. Como o fascínio de um analfabeto pelas letras, acentos, palavras, livros.
E as palavras dançavam ao meu redor. Eu comecei a rir com os cavalinhos, mesmo sem saber do que estávamos rindo. Foi quando eles começaram a dançar e cantar.
"Você nunca mais vai acordar, essa é a sua realidade"
Era tudo das cores dos remédios. Listras de um rosa muito claro, com um amarelo fraco. E a parte verde como as cápsulas, o azul do analgésico, o branco. O branco pintava o vazio, vazio que crescia cada vez mais pintando tudo de branco.
Ele queria me pintar também, e minhas pernas não me deixaram fugir.
Ele me pintou toda de branco e disse "é isso, você não existe mais". Eu fiz uma cara inexpressiva, pois de que adiantava expressão no branco e vazio?, e disse "e agora? o que será agora?"
Foi quando eu vi o teto rosado do meu quarto.
Sinto falta dos cavalinhos...

5 comments:

Anonymous said...

Agora vai ser pintada de Verde... There's still a hope in your Bedroom =)

Anonymous said...

Huahuahauhauhaauh...Massa o texto, bem louco \o/
Voltou ao seu antigo estilo de crônicas, hein:D
Mto bom

Eduardo said...

Diferentemente da Nalim, não acho que voltar ao estilo antigo de crônicas seja necessariamente bom. O texto não está fraco, mas a fórmula está começando a mostrar sinais de cansaço e repetição. No mais, a analogia com o carrossel e as cores ficou ótima; como tudo o que tu faz, fica no mesmo nível. E... Tente viver mais espontaneamente, sem fazer com que tudo seja um emaranhado de coincidências planejadas. Isso tira fardos e pesos da cabeça. Let it be. Ou let it bed.
=* mana! Amo tu! E desculpa a ausência do MSN, que vai se agravar a partir de sexta.

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