Viver Mata (de novo).

O mal de estar vivo, é este: você tem que viver.
E o mal de ter que viver, é justamente o "ter".
E o "ter" que viver em sociedade (este ferra, o filho da puta).
Eu estou cansada de não ser nada. De ter que me anular e fazer aquilo que as outras pessoas - as quais não tem porra nenhuma a ver com isso - esperam que eu faça.
Estou cansada dos olhares, dos julgamentos, da trilha na minha frente que eu tenho que seguir.
Da rotina, do mundo, da vida.
Estou cansada de tudo isso.
Não aguento mais ser tratada como retardada quando eu perco a noção, o bom senso e jogo a porra daquilo que costumam chamar de educação e falo o que todo mundo está pensando.
Falo aquilo que deveria ser dito. Aquilo que está implícito, subliminar, a mensagem que todos captam.
Não suporto mais ter que ser insensível, reprimida e falsa. Robótica e fazer o que está escrito no livrinho de regras que foi colocado junto com o chip de comportamento no cpu do meu cérebro.
Eu sou a porra de um ser individual. No auge de suas crises existenciais, de identidade, emocionais e psicológicas. Ainda tenho que aguentar este tipo de porcaria.
Se eu acreditasse que depois da morte, a vida acaba, já teria me suicidado há muito tempo.
Eu gostaria de entender, descobrir o que se passa na cabeça das pessoas normais.
O que elas pensam e por que elas continuam seguindo a trilha que foi trilhada por outras mãos.
Por que elas obedecem vontades alheias ás suas. Como elas foram parar onde estão.
O que as prende a sua rotina, que ao mesmo tempo que é o que têm, é também tudo aquilo que mais odeiam.
Eu não suporto mais ter que ser o que eu sou, e que não é nada. Não suporto a idéia de ter que viver como todo o resto do mundo vive. Não consigo me imaginar voltando pra casa no fim do dia e amaldiçoando meu trabalho, meu marido, meus filhos, minha casa e o mundo ao meu redor.
Ou se não casar, me amaldiçoando por não ter casado. Me amaldiçoando por não ter tido filhos, por não ter feito a faculdade que eu queria.
Não suporto a idéia de ter que caminhar direto até o túmulo e encontrar infelicidade nas mais variadas formas no caminho.
Não suporto mais a vida e suas imposições. Suas condições perniciosas. Não me suporto mais.